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Ministério da Cultura e Instituto Cultural Vale apresentam

Cidades e datas

Congonhas

Museu de Congonhas
4 FEV — 9 ABR

Conselheiro Lafaiete

Estação Ferroviária
20 ABR — 25 JUN

Ouro Preto

Paço da Misericórdia
7 JUL — 10 SET

ENTRE O CÉU E A TERRA, por Ulisses Carrilho

O azul na bandeira brasileira representa o céu, acompanhado de estrelas que marcam cada estado deste país. O verde simboliza nossa vegetação, esta terra onde mora sua gente de carne e osso. Tal verde representa também as matas onde se escondem, à espreita, seres mitológicos. Esses espaços sagrados sustentam figuras de devoção, espaços que animam a crença. Tal sistema cultural, plural, complexo, sincrético, mestiço e difuso também é uma maneira de dar corpo à imaginação da nossa gente: uma população forjada na empresa colonial portuguesa, fruto de migrações diversas, mas também da violenta escravização das várias nações indígenas que aqui viviam e das populações africanas, de diversas origens, trazidas à força.

Entre o céu e a terra, de maneira bastante livre, abraça fato e ficção na busca de tornar este sistema ainda mais complexo. Partindo das representações pictóricas de divindades e bestas, seres mitológicos e figuras fantásticas, encontramos não apenas as crenças religiosas ou místicas: percebemos que a ideia de “um povo brasileiro” também depende de nossa crença para persistir. Fruto de uma miscigenação plural e violenta, esta ideia chamada “Brasil” persiste e repercute até hoje preconceitos e verdades propagadas em mais de cinco séculos de existência. Nesse sentido, compreendemos aqui, a partir do rico imaginário dos artistas populares salvaguardados pela coleção do Museu Internacional de Arte Naïf do Brasil paradigmas que desafiam o próprio termo naïf – do francês, ingênuo – que intitula o museu: os cultos aqui são muitos e vários, de Ogum ao Cristo, do Lobisomem ao Papai Noel, dos rituais religiosos que marcam a passagem dos anos ao culto de imagens em museus. Sim, a própria ideia de museu aqui é colocada em xeque – importam apenas as pinturas e as imagens que foram colecionadas por instituições culturais? Não teriam nossos estigmas sobre o valor de certas imagens, brutalmente, relegado artistas ao silêncio, ao esquecimento?

Entre o céu e a terra buscou um repertório rico e diverso que convoca o público a perguntar-se quais são as suas crenças: na arte, no país, nas religiões e nas doutrinas políticas. Não apenas obras de arte ou santidades são adoradas e cultuadas. O popular, aqui, propositadamente encontra o massivo: das grandes romarias aos meios de comunicação de massa, os grandes cultos são aproximados de imagens de programas de televisão, da cultura do espetáculo, do entretenimento.

Importa indagarmos nossas verdades e percebê-las em suas fragilidades, para valorizar a cultura como aquilo que ela é: uma massa informe, em franca transformação, que se faz em nossos discursos e imagens. A raiz do termo "cultura" está próxima da ideia de cultivo, daquilo que é cuidado. Se, por muito tempo, fomos levados a acreditar que existem manifestações mais importantes, especiais ou sofisticadas que outras, aqui entenderemos como há uma riqueza tecnológica nos fazeres que ainda carece de ser discutida e amplamente valorizada. Entre o céu e a terra “Não existe pecado do lado de baixo do Equador”, “Tudo é divino maravilhoso!” e "Deus é brasileiro!", mas o Diabo também. Por meio destas imagens, podemos perceber que o desejo de estarmos juntos, reunidos em nossa liberdade de crença, é um valor gigantesco. Do sagrado ao profano, do que temos certeza ao que ainda é mistério.

Congonhas

Museu de Congonhas
4 FEV — 9 ABR

Conselheiro Lafaiete

Estação Ferroviária
20 ABR — 25 JUN

Ouro Preto

Paço da Misericórdia
7 JUL — 10 SET

Lista de artistas

Aparecida Azedo
Argentino Vieira
Berenic
Carmello Senna
Dalvan
Ednalva
Ermelinda
Gerson
J. Altair
Kleber Figueira
Mabel
Maria Lia Soares
Melo
Odete Maria Ribeiro
Odoteres Ricardo Ozias
Paulina Laks Eisirik
Rosina Becker do Valle
Tiita
Yuri Firmeza